segunda-feira, 20 de abril de 2015

Seca ou estiagem?

By Irenaldo Araújo   Posted at  11:42   Notas No comments

Muito se fala sobre o fenômeno da seca e da estiagem. Estas expressões são sinônimas ou são significações de fenômenos diferenciados?

Para quem compreende seca e estiagem como palavras sinônimas geralmente vê a seca como uma fatalidade, como um grande problema relacionado à falta d’água e de alimentos e que para suprir tais dificuldades é preciso que se invista em políticas que tragam água e comida para o povo sertanejo. É interessante que as soluções propostas vêm sempre de fora e o povo é visto como vítimas de um fenômeno natural. O interessante é que tais campanhas geram comoção social e as ações do Estado são sempre de forma paternalista. Tais campanhas geraram tantos benefícios para os grupos detentores do poder, que foi virando um ciclo vicioso, que passou a ser chamado de indústria da seca. Como parte deste grupo está àquelas pessoas que carrega a certeza de que a superação de tais problemas se encontra na transposição do São Francisco, vista como a última obra da referida indústria.

E quem compreende seca e estiagem como fenômenos diferentes, caminha com a certeza de que a seca é um fenômeno criado por grupos sociais hegemônicos que se utilizam de um fenômeno natural no semiárido, denominado estiagem, para tirar proveito social e econômico.

Neste sentido, ao se compreender a estiagem como um fenômeno natural no semiárido, vai se investir mais em ações estruturantes para se promover uma cultura que se pauta na lógica do armazenamento. Assim, as pessoas vão estar mais atentas ao armazenamento de água para o consumo humano, animal e para a produção; armazenamento de alimentos para a população humana e animal; à capacidade de suporte das pequenas propriedades, plantando culturas e criando animais respeitando as particularidades ambientais, dando atenção especial ao clima, solo, índice pluviométrico e vegetação.

Ao se compreender a estiagem como um fenômeno natural vamos ter mais condições de se construir uma cultura que se pauta a partir de outro olhar sobre o semiárido, especialmente a partir de processos de construção de uma educação contextualizada. Neste sentido, quanto mais se investir em ações estruturantes mais a população vai ficar independente de grupos que detêm o poder político e econômico em nossa região.

Acredito que novo cenário se constrói no semiárido brasileiro. Pois apesar de estarmos vivendo uma das maiores estiagens dos últimos trinta anos, o comportamento da população tem sido diferenciada. Será que isso não é um sinal dos tempos!?

Quanto mais em ações estruturantes, menos o fenômeno da seca vai se fazer presente em nosso semiárido.

Sobre Irenaldo Araújo

Educador, graduado em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia, pelas Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pela Universidade Federal de Campina Grande; Mestre em Ciências Florestais, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Educação, pelo Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal da Paraíba (Campus I).usto.
Postado por: Irenaldo Araújo

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    Educador, graduado em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia, pelas Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pela Universidade Federal de Campina Grande; Mestre em Ciências Florestais, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Educação, pelo Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal da Paraíba (Campus I).